O que é periodontia?
Periodontia é a especialidade odontológica que trata dos tecidos do periodonto, ou seja, aqueles que dão sustentação para os dentes. Seus procedimentos objetivam prevenir, diagnosticar e tratar problemas e doenças que atingem a gengiva, o ligamento periodontal e o osso alveolar. O especialista dessa área é o periodontista.
Esse profissional atua “nas doenças gengivais, na estética, em caso de cirurgias e na função, também, como em quadros de retração de gengiva, ou se precisar dar mais volume a ela”.
Quais são as áreas da periodontia?
Pela explicação do especialista, você pôde perceber que a periodontia tem diferentes ramos. Ela pode ser dividida em duas áreas, sendo a periodontia clínica, que também envolve a médica, e a periodontia estética. A seguir, falamos sobre cada uma delas.
Periodontia clínica e médica
Essa área é voltada para a prevenção e o tratamento das doenças na gengiva e demais tecidos periodontais. Os procedimentos são terapêuticos, visando, principalmente, ao equilíbrio da saúde da boca.
“A área clínica cuida das doenças de gengiva mesmo, atuamos diretamente na boca do paciente. Falamos muito da área médica, como medicina periodontal, e da relação com doenças sistêmicas que agravam o problema periodontal, como diabetes e tabagismo.”, conta o especialista.
Essa explicação dada por ele é muito importante, porque nem todo mundo sabe, mas a saúde orgânica também afeta a saúde dos tecidos periodontais. A diabetes, citada por Luís Henrique, é um dos grandes facilitadores das inflamações que atingem essas estruturas de base.
Isso acontece porque o acúmulo de açúcar no sangue prejudica a microcirculação do periodonto. Com isso, a gengiva fica mais suscetível ao ataque das bactérias e reage, de forma exagerada, à presença delas, levando a quadros inflamatórios. Também existe uma dificuldade maior de cicatrização por conta da diabetes fora de controle.
Não é só isso: há outras doenças sistêmicas que se relacionam aos problemas periodontais, como o Alzheimer, a aterosclerose e o tabagismo. Não podemos esquecer que as gestantes estão mais suscetíveis aos problemas periodontais, por causa das variações das taxas de hormônio.
Logo, a periodontia médica oferece um atendimento específico a esses pacientes com condições especiais. O acompanhamento é feito de maneira rigorosa, com medidas adequadas às necessidades do organismo de cada um e, muitas vezes, em parceria com especialistas da área médica.
Pessoas com qualquer um desses quadros que citamos precisam acompanhar ainda mais de perto a saúde bucal e das gengivas.
Periodontia estética
A periodontia estética, por sua vez, é aquela que objetiva promover simetria entre os tecidos do periodonto, os dentes e a face da pessoa de um modo geral. São realizados procedimentos e tratamentos para harmonizar o conjunto.
É o que acontece, por exemplo, com pessoas que apresentam sorriso gengival. Nesse caso, muitas vezes, há um crescimento exagerado da gengiva, e o periodontista realiza intervenções para reduzir o tamanho dela, a fim de promover um aumento da coroa e deixar os dentes mais evidentes.
De toda forma, os tratamentos com objetivos estéticos também acabam favorecendo a saúde bucal. Com a remoção de tecido gengival em excesso, por exemplo, a escovação é facilitada, minimizando o acúmulo de resíduos e, consequentemente, prevenindo inflamações.
Sem falar que a periodontia estética ajuda muito a manter a autoestima do paciente, em função da harmonia que promove para a imagem. Isso gera satisfação com a própria aparência e mais autoconfiança no paciente.
Quais são as principais doenças periodontais?
As principais doenças periodontais são a gengivite, a periodontite e o abscesso dentário. São processos inflamatórios e/ou infecciosos que podem ficar limitados à gengiva ou atingir todos os tecidos do periodonto, levando a um quadro mais grave.
Além de entender o que é periodontia e suas diferentes áreas, é importante saber mais sobre essas doenças, para que você possa identificar os primeiros sintomas e procurar a ajuda de um periodontista o quanto antes. A seguir, falamos um pouco sobre elas. Confira!
Gengivite
“A gengivite é a inflamação da gengiva, causada, no geral, por acúmulos bacterianos, placa e biofilme em volta dos dentes.”, explica Luís Henrique. Esse é um problema muito comum de ver nos consultórios e que pode atingir pessoas de todas as idades — principalmente por causa da má higienização.
A gengivite se inicia de uma forma muito sutil, provocando pouco ou nenhum sintoma, então, você pode nem percebê-la. Ela também acaba limitada a apenas um dente ou uma pequena região da boca, mas, quando não recebe tratamento, se agrava, atingindo áreas maiores.
Periodontite
Quando não tratada, a tendência da gengivite é continuar se agravando. Essa inflamação, então, pode alcançar outras estruturas e evoluir para a periodontite, que afeta tecidos mais profundos do periodonto.
Esse quadro é bem mais severo e pode se tornar infeccioso, atingir os ligamentos periodontais e o osso alveolar, que mantêm os dentes presos à boca. Quando não tratada, a periodontite pode levar à perda dentária.
Abscesso dentário
O abscesso também é um tipo de inflamação, só que, nesse caso, existe a produção de pus em um ponto específico da boca — ao redor do dente ou na raiz dele. Existem dois tipos de abscesso: periodontal e periapical.
Em ambos os casos, ocorre a formação de um nódulo purulento, que provoca dor e incômodo. Ele é causado por uma infecção bacteriana que não recebeu o tratamento adequado, levando ao acúmulo de bactérias, líquido inflamatório e células mortas.
Quais são os sintomas das doenças periodontais?
Os sintomas das doenças periodontais podem variar de acordo com o problema desenvolvido e a gravidade do quadro. A gengivite, por exemplo, que é menos grave, costuma manifestar:
- sangramento gengival;
- inchaço na gengiva;
- alteração de tonalidade do tecido;
- gosto ruim na boca;
- mau hálito.
A periodontite, por sua vez, pode provocar todos esses sintomas de uma forma mais intensa. Além deles, ocorre:
- impressão de dentes mais longos;
- descolamento da gengiva;
- sensibilidade dentinária;
- motilidade dentária.
No caso do abscesso, conforme explicamos, pode-se perceber, principalmente, a formação de um nódulo, ou seja, um pequeno caroço na região da gengiva. Há, também, inchaço na face e/ou no pescoço.
É muito importante ressaltar que o abscesso é um problema que requer tratamento urgente. Essa é uma infecção mais intensa e que pode levar a um quadro infeccioso generalizado, trazendo complicações para todo o organismo.
E quanto aos tratamentos que a periodontia realiza?
Você está no caminho para saber tudo sobre periodontia, então, vale a pena entender quais são as técnicas empregadas pelo profissional para reequilibrar a saúde da boca. Vamos começar pela principal delas, que é a raspagem no dente (tartarectomia), para fazer a retirada do tártaro — também conhecido como cálculo dental.
Esse tratamento é essencial porque tanto a gengivite quanto a periodontite se manifestam em função do acúmulo de resíduos. Assim, eles precisam ser retirados para controlar a proliferação de bactérias e evitar a progressão das inflamações e da infecção.
Em casos de gengivite, a raspagem é feita na região supragengival, removendo o tártaro que está visível, como aquele que se acumula entre os dentes. Também se faz a retirada da placa bacteriana e do biofilme bacteriano.
Para tratar a periodontite, é feita a raspagem subgengival, pois os resíduos podem se acumular logo abaixo da gengiva, onde o fio dental e a escova não alcançam. A técnica, então, é aplicada para retirar o tártaro localizado nessa área mais escondida.
Além da raspagem periodontal, o periodontista faz a indicação de medicamentos ou produtos bucais com função terapêutica, para controlar os processos inflamatórios, receitando anti-inflamatórios, antibióticos e pastas de dente ou enxaguantes bucais com função medicamentosa.
Quais são as cirurgias que o periodontista faz?
Para sabermos tudo sobre periodontia, é preciso entender os procedimentos envolvidos nessa especialidade.
As cirurgias que o periodontista faz objetivam tratar problemas ou valorizar a estética do paciente. Esse especialista realiza, por exemplo, a gengivectomia, a gengivoplastia, o enxerto gengival e a frenectomia.
Cada uma delas tem suas indicações. A seguir, você confere em quais casos elas podem ser realizadas.
Gengivectomia
Por meio da gengivectomia, é feita a retirada do excesso de gengiva — como para os pacientes com sorriso gengival, sobre os quais já falamos. Segundo Luís Henrique, essa remoção pode ser feita, ainda, no último dente, quando sobra um pouco de gengiva que provoca desconforto ou inflamação.
Essa cirurgia periodontal não fica restrita à gengiva. Existem casos em que são necessárias intervenções ósseas, para promover uma melhor simetria — e isso também é feito pelo periodontista.
Gengivoplastia
Muita gente confunde a gengivectomia com a gengivoplastia, mas essa última técnica é voltada um pouco mais para a estética. Basicamente, ela envolve uma plástica no tecido gengival, para alcançar uma melhor simetria e harmonia.
É feita, também, a retirada de um pouco de gengiva, mas bem menos do que no caso da gengivectomia. Nesse procedimento, o intuito da remoção é trabalhar a borda gengival, para que ela seja mais arredondada e tenha o mesmo tamanho em todos os dentes.
Enxerto gengival
Esse tratamento periodontal é indicado para pacientes que apresentam algum tipo de retração da gengiva, problema que se caracteriza pelo encolhimento do tecido. Ele fica pequeno demais e não consegue recobrir a raiz dentária como deveria. Essa condição provoca, entre outros problemas, a sensibilidade.
Nessa cirurgia, em vez de retirar tecido, ele é acrescentado às regiões onde está faltando. O enxerto gengival também pode ser feito para dar mais volume em um local em que a gengiva seja muito fina. Isso favorece tanto a saúde bucal quanto a estética do sorriso.
Frenectomia
Quando puxamos o lábio superior ou inferior, ou levantamos a língua, conseguimos perceber uma pele muito fina de uma extremidade a outra, já reparou? Ela é um tipo de membrana conhecida como freio. Em algumas pessoas, essa membrana é grande demais, mas o periodontista pode solucionar esse problema.
Para tanto, ele realiza a frenectomia, com o objetivo de fazer a remoção dessa membrana ou apenas reduzir o tamanho dela. Isso é válido quando o freio provoca problemas como limitação dos movimentos da língua ou alterações na fala, ou caso atrapalhe as correções ortodônticas e a boa adaptação de próteses dentárias.